Churrasquinho e Samambaia

Calma! Não se desesperem! Conheço bem as minhas limitações; como chef de cozinha, sou ótima jornalista. O título do post serve só para ambientar o próximo texto do blog.

Escrito em agosto de 2003 para o Samambaia - jornal laboratório da UFG -, o “Que tal acompanhado de um bom papo?” foi uma ótima oportunidade para me libertar das regras da pirâmide invertida e experimentar o caminho mais leve, ameno e solto que os artigos percorrem... E tudo isso com um tema que, na mesa, faz a alegria dos brasileiros: o churrasquinho.

Aos comensais* corajosos que toparem digerir a receita exótica sugerida pelo título, bom apetite!

Que tal acompanhado de um bom papo?
O filósofo francês Jean-Jacques Rousseu já sabia: é através do “olhar do outro” que o homem se socializa. É claro que quando faz esta observação, o filósofo está muito mais preocupado em estudar a origem da desigualdade humana, do que propriamente descrever o lado lúdico de encontros e reuniões. Isto, no entanto, não nos impede de usar a sua frase para retomarmos histórica e antropologicamente alguns dos momentos de lazer e descontração da humanidade. Como exemplo, podemos citar a civilização grega com suas festas oferecidas aos deuses do Olimpo. Ou, então, voltar ao tempo descrito por Lord Byron, quando os homens se reuniam para beber e conversar sobre amores frustrados nas tavernas. E o que dizer sobre os cafés parisienses do século XIX, freqüentados por intelectuais e políticos da época? Tudo bem, deve estar pensando o leitor, mas... E a minha realidade? Onde ela se encaixa nesta linha histórica de reuniões e encontros sociais?

O antropólogo brasileiro Roberto da Matta - em seu livro O que faz o brasil, Brasil - já dizia que as festas e os momentos de descontração em geral permitem descobrir oscilações entre uma visão alegre e soturna da vida. “Neles, aquilo que passa despercebido no cotidiano é ressaltado e realçado, alcançando um plano distinto". É como se conseguíssemos, por um instante, nos desvincular dos problemas e das preocupações do dia-a-dia e do trabalho. Bem, se os “bacanas” da nossa classe média buscam o lazer nos “happy-hours” em bares sofisticados, o povo brasileiro instituiu um jeitinho muito mais convidativo de romper o ciclo casa-trabalho-casa. Foi nos botecos da vida que o espetinho com cerveja ganhou seu espaço como elemento cultural importante. Afinal, como afirma Da Matta, “a comida, além de indicar uma operação universal, serve também para definir e marcar identidades pessoais e grupais, estilos regionais e nacionais de ser, fazer, estar e viver”.
Então, fica combinado assim: como esta discussão é muito ampla e eu não quero ser acusada de um “diálogo unilateral", nos encontramos na próxima esquina de bar para conversarmos sobre esses assuntos. Ou, se você preferir, também entendo um pouquinho de futebol...
*Vocabulário que aprendi com o Lindo.

Comments

fhaldhflkalfak said…
Tô passando por aqui só pra reforçar o quanto te amo!
Thiago Marques
fhaldhflkalfak said…
Já tá passando da hora de atualizar isso daqui!
Ah! Te amo...
Unknown said…
Ah!! Eu também te amo!
heheheeheh
bjs
Preta