A dona da palavra

Antes de reinaugurar meu blog (minha linguagem tá mesmo viciada em termos político-administrativos, rs), pensei numa série de comentários para explicar o retorno ao mundo virtual. Coisas assim: detalhar os gêneros que iria utilizar, a função, o objetivo, que tipo de textos iria colocar, como iria separar os posts por tema e falar de Jornalismo Literário... Só que estava enrolando demais para começar a fazer isso. Creio que cerca de um mês. Mas as idéias brotam. E num ritmo bem maior do que minha capacidade de querer explicar as coisas. Daí, resolvi deixar formalismos de lado e abdicar de ter um plano B. Não sei aonde isso vai parar. Não sei se vai ter final. Não sei se vou mudar a rota. Não sei, e nem calculei, os riscos. E quer saber? Acho que isso vai ser o mais interessante de tudo. Aos que decidirem me acompanhar na jornada, boa leitura!!!


Carla tinha 11 anos. E queria escrever. Dos detalhes que acompanham o momento da decisão, pouco se lembra. Mas algumas reminiscências despontam. Ela se recorda do lugar: a casa da avó paterna, num sobrado da Rua 15, no Setor Oeste. Do ano: 1992. De algumas particularidades: acabara de se mudar com a família de Brasília para Goiânia. Estavam ainda procurando apartamento para morar. Por isso, a hospedagem passageira na casa da avó. E Carla gostava de ficar rodeando o quintal daquele sobrado. Pensando na vida. Pensando na vida. Pensando... em ser escritora!

A ideia veio a galope mesmo, sem avisar e nem pedir licença. O roteiro, também rapidamente, saltou da imaginação para umas folhas chamex que encontrou. Começou com o título:

“Despertada pela vida”.

O nome da personagem principal:

Claudia, 11 anos (coincidência a protagonista ter a mesma idade da autora?)

O local:

São Paulo (Carla não conhecia a cidade, mas tinha um feeling de que seria uma boa escolha)

O argumento, a sinopse, o fio da meada?

Uma pré-adolescente que começava a descobrir os segredos da vida: mudança do corpo, frustrações, namoro, alegrias, saída da escola, começo de vida profissional. Consciência que nascia e mostrava o início da odisseia em que entrava definitivamente: a VIDA.

Curiosa que era, Carla foi pesquisar onde poderia estudar sobre o assunto: queria fazer faculdade de escritor. De escritora, aliás. Imagina qual não foi a decepção da menina ao descobrir que não existia o curso que queria fazer. Como assim, não tem faculdade de escritor? Como é que se faz para aprender a escrever então? Não se faz, respondiam. Escreve.

Foi o que fez: continuou com suas folhas chamex e uma caneta bic azul. Gostava de escrever na mesa do quintal, que era coberta por um forro bege meio plastificado, estampado com umas folhas secas. Ela não se esquece desse forro. E de que como gostava de escrever ali: sozinha, contemplava as flores e sentia o vento. Ali, Carla materializava anseios, desejos, expectativas. Se tornava real.

Continua...

Comments

manu said…
Tu é fera mesmo, hein! Tô encantada com tua veia literária.
Abraço energizado, Manu
Unknown said…
Minha escritora predileta,
Adorei:)
Preta
rosiane said…
Seu texto ficou muito bom,conseguí ir até o quintal da Claudia e encherguei o forro da mesa, senti o vento...
Espero pelos próximos capítulos.
bjos
Rosiane
Anonymous said…
Ao ler sobre o início de seus ideais, Carlinha, as lembranças de nossa infancia veio de súbito...
Tenho orgulho de vc!
Saudades,
Renata Gomes Nunes